A menina nobre que foi se aventurar no estrangeiro - parte II

  Mais um texto elaborado dessa série onde com a desculpa de falar das artistas que eu passo o dia escutando, termino é falando de mim.




Nisha Yontararak (Minnie) em rara foto do período de estágio - fonte: fãs





Olá leitores.


Como já falei em muitos textos, as pessoas que eu mais acompanho na internet são os irmãos Fittipaldi e um grupo de música chamado (G)I-dle. Um dos motivos disso é a minha curiosidade em ver pessoas vivendo fora de suas nações de origem. Atualmente eu só publico meus textos em português então todos os que me leem até onde eu sei são brasileiros. Mas mesmo assim eu acredito que vocês não sentem o que eu sinto. Outros brasileiros gostam de estar entre brasileiros, quando vão para o exterior já procuram outros brasileiros para andar juntos. Eu entendo a necessidade de se pertencer a um grupo para poder se entender como indivíduo mas tenho uma grande curiosidade por estrangeiros. Quando um brasileiro diz que chineses e japoneses são todos iguais eu fico completamente escandalizado. Como assim iguais? São completamente diferentes! Já vi japoneses e chineses muitas vezes,  no lugar onde moro existem alguns e podem ter certeza que nunca confundi uns com os outros. Já ajudei senhores e senhoras chineses em filas de banco e outros lugares. Expliquei sobre filas preferenciais, sobre documentos, sobre valor das notas de dinheiro. Eu tinha um amigo dos Estados Unidos da América também, mas esse é um esquisito. Um dia desses me mandou um e-mail dizendo, "hi", e não falou mais nada. Com ajuda da internet interajo com gente de muitos lugares. Principalmente em inglês, mas estou começando a arranhar japonês também. 




Meu teclado japonês





Nada disso é suficiente, interagir com alguns poucos estrangeiros pessoalmente, ou vários pela internet não basta, eu tenho uma grande vontade de passar um tempo fora. Enquanto esse momento não chega eu fico aqui lendo sobre a guerra e vendo o dia a dia dos irmãos Fittipaldi e das meninas do (G)I-dle.

        Como também já expliquei aqui, conheci o (G)I-dle em 2018 mas apesar da minha habilidade de diferenciar japoneses de chineses, (pessoalmente), eu não prestei atenção suficiente para perceber que aquele grupo era internacional. Eu só tinha olhos para a Capitão Soyeon então eu achava que aquele grupo era composto por seis coreanas. Só em 2021 quando eu estava assistindo um Reality Show de Kpop, argh! Que experiência bizarra. Mas foi assistindo isso por causa da Soyeon que estava de jurada que eu descobri que o grupo dela tinha TRÊS estrangeiras. Então eu fui atrás do conteúdo que o grupo tinha publicado. Não é música, é o dia a dia delas. Me pareceu familiar porque me lembrou do conteúdo que eu já assistia dos Fittipaldi Brothers. Eu comecei a assistir os Fittipaldi no começo de 2020 e as (G)I-dle no final de 2021.

Os Fittipaldi são brasileiros porque são filhos de dois brasileiros e optaram por essa nacionalidade quando ficaram adultos, mas eles nasceram em Miami. Eles tem muito da cultura brasileira mas o Enzo não falava português direito, foi conversando com a gente que ele aprendeu. O conteúdo deles é basicamente dois brasileiros em culturas estrangeiras. Estados Unidos da América, Europa, Ásia, e Oceania. 

As meninas do (G)I-dle trabalham principalmente na Coreia do Sul mas também viajam muito. De todas as membros a que está mais aberta a explicar as coisas para quem assiste é de longe a Rato Minnie. Ela teve uma formação musical muito profunda antes de viajar para a Coreia do Sul. A família materna dela é quase toda formada por músicos, incluindo a mãe. Só quando estava no finalzinho do Ensino Médio com 17 anos foi que ela fez uma audição para virar estagiária de Kpop, e no comecinho do ano seguinte foi embora para a Coreia do Sul. Enquanto as outras cinco membros não falam quase nada da época de estágio, a Rato Minnie fala bastante, porque para ela que nasceu em uma família riquíssima, considerada nobre por alguns, se aventurar em um país estrangeiro vivendo às custas do próprio trabalho é um motivo de orgulho bem maior do que para as outras.

Então é através dela que eu consegui entender alguma coisa desse período. Notem que eu tenho uma certa habilidade para ouvir uma história fracionada e juntar os pedaços, eu não ouvi essa história sendo contada em nem um outro lugar, tudo saiu da boca da Minnie falando em coreano, e eu acompanhei pelas legendas em inglês que a gravadora delas disponibiliza. Inclusive é assim que eu acompanho todo o conteúdo do (G)I-dle, com legendas em inglês.

Quando a Minnie chegou na Coreia do Sul, ainda com 17 anos, ela já tinha alguma capacidade de leitura e escrita em coreano, mas ela não conseguia entender praticamente nada. Ela fez uma lista de frases, decorou e era assim que ela se virava. Uma gravadora de Kpop recebe ajuda do governo para manter um certo número de estagiários, mas a gravadora não é obrigada a lançar todos. Pelo que eu pude perceber existe o tempo de prática diária obrigatória mas os estagiários têm liberdade de se organizar em grupos como preferirem. Aí começaram os problemas da Rato Minnie, que coreana ia querer andar junto de uma estrangeira que não entendia coreano? 

A sorte dela foi que estagiando na mesma gravadora havia a Soyeon. Uma estagiária que tinha se formado em duas gravadoras grandes da Coreia do Sul, mas tinha largado essas grandes para começar de novo em uma gravadora menor, a Cube, mesma gravadora onde Minnie estava.

Soyeon nunca falou disso abertamente, mas é fácil perceber que ela não era bem vista pelas outras coreanas. Ninguém podia entender como uma estagiária que teve oportunidades de estrear como artista abriu mão disso para continuar estagiando. A solução que a Soyeon encontrou para não perder tempo e continuar praticando foi andar junto da Minnie. A Minnie é um ano mais velha, pela cultura coreana a Soyeon deveria tratar uma pessoa mais velha, mesmo um ano apenas, com grande formalidade. Mas por Minnie ser uma estrangeira, tailandesa, essas formalidades foram dispensadas.

E assim essa dupla estava formada, uma cantora que já tinha nível profissional antes de chegar na Coreia do Sul e uma Rapper que também já tinha um nível considerado alto para os padrões do Kpop mas faltava muito mais para elas conseguirem estrear.

No começo de 2016 a Soyeon foi participar de um reality show e deixou sua parceira tailandesa sozinha na selva da gravadora Cube. A Minnie conta que ficar lá sem a Soyeon foi horrível e que o único alento era assistir a Soyeon na televisão. Mas a conexão dela com aquele programa foi tão grande, e a saudade da Soyeon tão forte que quando o programa finalmente acabou e a Soyeon voltou para gravadora Minnie conseguiu conversar em coreano pela primeira vez, um ano e meio depois de já estar morando na Coreia. A parceria entre essas duas estava mais forte do que nunca, mas para um grupo estrear precisariam de mais que isso.

Em algum momento de 2016 mais duas estrangeiras chegaram na Cube. Duas chinesas. Existem bem pouca informação sobre essas duas nesse período, pois elas não são tão abertas quanto a Minnie para falar de si mesmas, mas sabemos que se formou um grupo forte entre essas quatro. A Capitão Soyeon que já tinha a prática de se aproximar de uma estrangeira e a cooptar repetiu com as duas novatas.

A gravadora, embora evite impor convivências, ficou colocando coreanas para dormir com as quatro que já formavam um grupo, mas fracassou várias vezes seguidas. As coreanas não conseguiam se adaptar aquela torre de babel, que se comunicava em coreano, inglês e chinês. Até que uma coreana das muitas tentadas se adaptou ao grupo, que passou a ter cinco membros. Essa quinta coreana era uma dançarina, mas a grande habilidade que colocou ela no grupo foi a capacidade de convivência.

Então em algum momento, provavelmente no final de 2016 haviam três estrangeiras e duas coreanas. Uma que dançava bem, uma que cantava bem, uma que recitava rap bem e duas chinesas consideradas bonitas. Para completar o grupo elas teriam que achar uma coreana que cantasse bem. A Minnie mesmo cantando em nível profissional não conseguia cantar em coreano tão bem quanto uma nativa.

Outro dia eu conto como esse problema se resolveu. Antecipo que o próximo texto desta série vai se chamar:

A menina que escolheu não esperar.


        Pix, Paypal e e-mail: diegosergioadv@gmail.com




        PS: Eu assisti bastante do campeonato brasileiro de judô, mas até agora só vi duas lutas de cearenses, foram pelo menos seis, quando eu tiver visto os seis cearenses lutando escreverei um texto sobre essa competição.



        Textos relacionados:


        Meu diário do dia 19/11/23: [Show do (G)I-dle para o público do Worlds]








        
        Meu plano é ensinar sobre esporte e guerra através do xadrez e do judô. Pretendo lutar no campeonato cearense que ainda não tem data marcada mas provavelmente acontecerá daqui a seis meses. Para isso preciso pagar o quimono branco, (faltam seis prestações), e comprar o azul, além  de arranjar dinheiro para inscrição, viagem e alimentação. Qualquer ajuda é bem vinda. Me ler já é uma ajuda. Divulgar é muito bom. Apoio em dinheiro também.


         Pix, Paypal e e-mail: diegosergioadv@gmail.com






Divulgação do cearense 2023. Pretendo lutar no 2024


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