LEGO e Ninjas
Crato, 12 de maio de 2025
Olá, leitores.
Eu tinha prometido a uns caras no Twitter explicar como cheguei a conclusões negativas sobre um desenho. Não tive tempo de elaborar mais, mas só para responder: eu consigo chegar a conclusões negativas sobre algo que não assisti, observando as conclusões a que pessoas que assistiram chegaram.
Era uma discussão sobre um desenho supostamente sobre ninjas. Ninja é um termo que surgiu no Japão depois que o país foi unificado e as guerras civis, que duraram séculos, tinham acabado. Foi uma forma de romantizar os espiões que tinham lutado naquelas guerras. Era um termo raro. Por algum motivo — provavelmente por ser fácil de pronunciar por nós, ocidentais — esse termo se popularizou fora do Japão depois da Segunda Guerra. E apareceram vários personagens ninja no cinema, nos quadrinhos e nos desenhos animados.
O Termo Ninja
Depois que um termo se gasta, tende a surgir uma obra destruidora que joga uma pá de cal em cima, com muito deboche. A principal dessas obras é, sem dúvida, Dom Quixote, que vem fazer chacota com a ideia do cavaleiro medieval, tornando-se o romance mais traduzido da história da humanidade e ganhando o título de último romance de cavalaria. Mesmo que você tente escrever um hoje, não vão reconhecer — porque Miguel de Cervantes secou essa fonte.
Dentro da cultura do ninja ocidental, houve uma obra que também tinha a intenção de fazer chacota, mas que não conseguiu destruir o termo: as Tartarugas Ninja, como ficaram conhecidas no Brasil. Elas se apropriaram do termo, primeiro como vingadores que viviam apenas para matar uma pessoa específica. Mas depois foram ressignificadas como desenho infantil, e foi assim que as conheci.
A Descoberta do Ninjago
Com muita alegria, recentemente descobri que uma empresa chamada Lego criou um selo chamado Ninjago. Eu assisti a um episódio e achei sensacional. Ninja, aqui, vem para ser um herói da vizinhança — um policial, bombeiro, socorrista; só muito raramente, combatente. Então decidi usar esses personagens como símbolo do meu blog e da minha futura academia de judô.
Eu ganhei um conjunto — meu primeiro conjunto Lego de sempre. E, ao pegar as peças para manusear, imediatamente percebi algo: dá para montar e manusear essas peças no escuro! Então uma pessoa com deficiência visual pode brincar também. É o símbolo perfeito do meu Ler no Escuro e do meu Judô no Escuro.
Então vou fazer muito mais arte com esses ninjas. Vou tirar fotos, contratar artistas para desenhar nas paredes da minha academia, organizar sessões para assistir às séries e filmes. Mas hoje quero apresentar o Capanga 05 — ou só Zero Cinco. Novo garoto-propaganda do meu blog e do meu judô. Pretendo trazer mais fotos dele em mais e mais lugares. Mas, por enquanto, fiquem com essa foto dele na pia da cozinha.
A Carta de Presentes e Agradecimentos
E, para concluir, queria contar para vocês que dei as peças que montam outra minifigura como presente para a pessoa que mais apoia este blog. A carta está aí:
Crato, 11 de maio de 2025 (domingo)
Bom dia,
Em uma pequena cidade, havia um homem que sustentava sua família construindo e vendendo brinquedos de madeira. Era um mestre carpinteiro. Em dado momento, as crianças começaram a querer brincar de ioiô. E o carpinteiro fabricou e vendeu muitos ioiôs.
Mas, de repente, a moda passou. As crianças não queriam mais brincar com aquilo. E o carpinteiro se viu com um imenso estoque de um brinquedo que ninguém mais queria comprar. Ele tinha investido uma grande quantidade de madeira e de tempo na construção daquele estoque. O carpinteiro tinha um problema.
Depois de muito refletir, ele teve uma ideia: serrou todos os ioiôs ao meio e usou as metades como rodinhas para construir novos brinquedos — carroças e carrinhos.
Serrando um ioiô ao meio, aquele carpinteiro criou a ideia de um brinquedo que não precisava estar preso a uma só forma. Um brinquedo com peças que poderiam ser usadas para montar outras coisas. Aquele carpinteiro criou o LEGO.
Muitos anos se passaram, o LEGO evoluiu muito, mas a essência continua a mesma: brinquedos em forma de peças que podem ser montadas seguindo um manual — ou que podem ser reaproveitadas em outras ideias.
Eu decidi usar esses brinquedos como símbolo do meu blog Ler no Escuro, porque além de tudo eles ainda podem ser manuseados no escuro. Mesmo pessoas que não enxergam não precisam ser excluídas da brincadeira.
Eu pretendo contratar artistas para desenhar essas peças e essas ideias nas paredes da minha futura academia de judô — como símbolo da necessidade de montarmos e desmontarmos coisas. E de montarmos a nós mesmos conforme as situações, conforme as necessidades.
Decidi usar peças do primeiro conjunto que ganhei para presentear meu maior apoiador.
E meu maior apoiador é você.
Feliz Dia das Mães. Que você use essas peças para montar essa pequena ninja chamada Sora. Ela é personagem de uma animação educativa. Era uma criminosa que se arrependeu, se converteu e passou a lutar do lado da justiça.
Mas essas peças não estão presas a esse projeto. Você pode usá-las para representar o que quiser. Pode até chamá-la por outro nome.
LEGO é assim: é um brinquedo livre. Um brinquedo para artistas.
Obrigado,
Diego Sérgio
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