Val
Olá leitores.
Segunda-feira depois de passar o dia quase todo no shopping, eu gosto muito de shoppings, eu estava me sentindo muito bem e com o texto pronto para escrever na minha cabeça.
Acontece que o gato Zulu me acordou às quatro da manhã. Voltei a dormir, mas quando acordei foram aparecendo mais e mais coisas para fazer.
Sei que eu estava em casa, entre uma coisa e outra e vi que era meio dia. Aí não teve jeito, sentei no computador e fui lendo o capítulo 189 de Dandadan. Entre ligar o computador e ler, levei seis minutos. Meio dia e seis eu já tinha saído para a próxima missão.
O autor de Dandadan diz que quanto mais a gente ajuda os outros mais os outros precisam de ajuda da gente. Ele tem razão, e tudo bem que seja assim.
Mas finalmente colocando para fora o texto que eu vinha preparando.
No ano que eu nasci, naquele país do norte que não tem nome, lançaram um filme chamado Top Gun, ao qual acrescentaram em português Ases indomáveis.
No ano que saiu eu não consegui assistir porque eu ainda era um bebê de colo, mas nos anos que se seguiram eu fui crescendo e assistindo aquele filme. Tem uma cena de sexo que numa das muitas vezes que eu fui assistir já adulto cortaram. Eu fiquei muito impressionado com isso. Como as pessoas estão ficando idiotas. Quando eu era pequeno um casal transando em um filme ou um touro cobrindo uma vaca no Globo Rural, ou dois cachorros pregados no meio da rua era tudo a mesma coisa.
Hoje adulto, continua sendo tudo a mesma coisa, não tenho porque maldar, ou ver mais do que o que é. Algo biológico.
Eu leio muitos trechos, resumos e explicações sobre Nietzsche. Ele fala como um filósofo atleta, semelhante aos gregos antigos. Mas infelizmente só fala, ele não praticava esportes, na sua época o povo tinha esquecido que esportes era algo saudável. Pessoas doentes como Nietzsche não tinham acesso.
Das muitas decepções que Nietzsche teve na vida uma delas foi ver seu ídolo, no sentido atualmente popular da palavra, se tornar um "nazista". Isso bem antes da palavra nazista ser inventada. Sobre ver um artista que eu gosto se depravando, não tive nem uma experiência tão desagradável como a de Nietzsche mas tive algumas decepções menores.
Entre elas uma música chamada Nude que a imbecil da artista que eu gosto lançou. Ela tem um jeito de escrever muito parecido com o meu. Ela vai juntando coisas que não combinam em um texto só e lança como música. Mas nessa faixa nude, ela juntou nudez e prostituição. Que não foi uma mistura legal. Porque você está falando que ficar nu é algo natural, ao mesmo tempo que fala em vender o corpo. E para terminar meteu um "a maldade está na sua cabeça". Eu fiquei muito decepcionado com essa faixa porque é uma falácia falso feminista muito baixa. Você se veste de puta, para falar de nudez, mostrando que claramente nudez para você é sinal de imoralidade mas termina com "a maldade está na sua cabeça.'
Essa semana uma torcedora de outro grupo usou essa frase contra mim, só porque eu disse que "quem nasceu para princesa não pode ser striper".
Estou procurando contradição na minha fala mas ainda não achei. Porque copular é natural. Tirar a roupa para ganhar dinheiro não. Existe um jeito de uma mulher se apresentar para uma plateia usando um short bem curtinho, sentando numa cadeira e abrindo as pernas para mostrar a virilha e um pedaço da genitália, sem maldade? Acho que não.
Mas voltando para o filme Top Gun, a cena de sexo eu não vejo problema até hoje, a cena em que o cara entra no banheiro feminino, essa é nojenta e problemática. Não adianta mais cortar mas devia ter sido cortada na edição antes de publicarem o filme. Tosco!
Mas tudo bem, ou quase, porque o personagem que entra no banheiro feminino é um cuzão e eu nem gosto dele mesmo. O personagem que eu gosto é outro. O melhor Piloto, sim Ases Indomáveis é um filme de aviões, o melhor piloto é também meu favorito. Iceman! Esse além de pilotar muito, não entra em banheiro feminino nem faz nada de errado.
Como eu sempre gostei daquele cara. Ele tinha uma aparência que se destacava dos outros americanos dos Estados Unidos, agora fiquei sabendo que é porque a mãe dele era da Suécia. Ele puxou a aparência dela, por isso Iceman vai ser para sempre esse cara com jeito de nórdico.
Na primeira vez que Iceman aparece no filme a câmera foca no anel de formatura dele. Como isso me marcou até hoje. E até esses dias eu não sabia explicar o porquê.
Eu gosto de anéis de formatura desde que eu me lembro. Provavelmente por causa desse filme. Eu ganhei um anel de formatura quando terminei a alfabetização mas meu dedo cresceu e não serviu mais. Tive que esperar uns bons anos para poder usar um anel de formatura novamente, mas agora como meu dedo não muda tanto de tamanho, está dando para usar.
Iceman no roteiro era um personagem raso. Era só um rival genérico. Mas o estúdio escalou para o interpretar um ator de altíssimo nível Um que tinha nível superior em artes cênicas, por uma importante faculdade de Nova York. Val Kilmer.
Um ator daquele nível não podia interpretar um personagem raso. Então ele escreveu toda a história do Iceman. Seu nascimento e tudo que ele tinha feito até aquele dia, seus parentes, seus amigos. O fato de que ele tinha um uma formação intelectual para além da formação de piloto. O orgulho do anel de formatura. O perfeccionismo. Coisas que não iam aparecer no filme diretamente, mas que transformaram o Iceman naquele personagem tão vivo, tão convincente. Val criou Iceman de maneira profissional. Mas é tão parecido com qualquer brincadeira lúdica. Com qualquer brincadeira que a gente faz, sem um objetivo claro.
Porque o ator é isso, é o profissional que trabalha para ensinar a gente a brincar.
Obrigado Val! Eu tenho carregado o que você me ensinou durante toda minha vida. Obrigado por me ensinar a brincar quando eu era criança. Obrigado por me ensinar a trabalhar, depois que eu já tinha me tornado um adulto. E obrigado por ter deixado documentada a criação desse personagem tão importante. Você vai continuar comigo. Como sempre aconteceu desde que eu comecei a usar um anel de formatura. Vou olhar para meu dedo e lembrar de você.
Adeus!
Comentários
Postar um comentário