Remoto e Presente. Parte 3.
Remoto e Presente. Parte 3.
Olá leitores.
Se abriu um buraco na frente de minha casa. Estou tendo que tapar com tijolos para a gata Trinity não fugir. Eu ganhei esse imóvel da minha mãe e pretendo construir meu dojô aqui. Se quiserem contribuir com essa reforma:
Minha amiga Vitória pretende viajar para lutar em Aracaju dia 30. De ônibus. Minha aventura para Fortaleza, por mais inusitada que tenha sido, provavelmente não vai se comparar a uma viagem de ida e volta para Aracaju.
Terça-feira machuquei meu tríceps esquerdo. Fiquei tão chateado que tive dificuldade de escrever algo publicável. Mas hoje é sábado de carnaval, estou melhor e vou tentar continuar com meu diário de viagem.
Continuando de onde parei, eu consegui me pesar oficialmente e fiquei no limite da categoria, 89,9 quilos. Depois mandei mensagem para a anfitriã dizendo que estava indo. Arrastei minha malinha por um quilômetro. O trânsito estava tranquilo. Em Fortaleza você pega trânsito mesmo a pé. Quando fui chegando a funcionária da anfitriã que estava na janela desceu para abrir o portão. Aí me deram a chave do apartamento. Não consegui conectar a wi-fi de início. Mas eu tinha que fazer compras, então saí. Comprei muito pouca coisa, estava com pouquíssimo dinheiro. Mas pelo menos o apartamento tem pó de café grátis! Um luxo nos dias de hoje. O apartamento tem alguns itens. Pó de café, açúcar, sabonete, sabonete líquido para as mãos, produtos de limpeza de chão e para lavar louça e roupa. Algumas panelas, uma mesa de jantar. Talheres e outros utensílios. Geladeira, fogão, pia de louça, banheiro, área de serviço com lavanderia e varal. Quarto com uma cama de casal. Mas não tinha rede de dormir. Hóspedes chatos reclamaram que atrapalhava a passagem. Quando eu percebi, a anfitriã já tinha vindo colocar a wi-fi e eu não quis chamar de novo, decidi dormir na cama mesmo.
Quando consegui notícias de Vitória, ela e a mãe já estavam no ônibus. Pediram para olhar os confrontos da categoria dela. Eu printei e mandei. Ela teria que lutar três vezes.
Tomei banho, comi, escovei os dentes e dormi.
Acordei às seis e vinte da manhã.
Falei com minha mãe e com a mãe de Vitória, e fui comprar o tal quilo de alimento que até quem vai lutar precisa levar. Acontece que eu terminei esquecendo de levar para o ginásio, pedi para entrar sem e trouxe de volta para o Crato.
Antes de sair do apartamento pela primeira vez, para comprar o quilo de alimento, ouvi uma chuva pesadíssima mas que passou rapidamente.
Cheguei ao ginásio, pedi desculpas por não ter levado o quilo de alimento, quando o porteiro estava insistindo para me indicar o caminho por onde entrar vi Vitória e a mãe se aproximando pela parte externa do ginásio mas estávamos dentro dos muros.
Vitória estava pesando 58 quilos na primeira aula do ano. E falando em perder um quilo para lutar na -57. Eu fiz um escândalo. Começa perdendo um quilo para a primeira luta do ano, em outubro vai estar tendo que perder três, quatro. No fim, quem decide é a mãe e ela foi inscrita na -63. Então ela não tinha motivos para se preocupar mas por hábito não queria comer nada antes de se pesar. Terminou aceitando tomar uma dose de whey que eu ofereci.
Tudo atrasou, a pesagem especial, o chamado para aquecer. Mas ela terminou conseguindo se pesar, comprou alguma coisa e comeu.
Depois de um atraso que não lembro bem de quanto tempo alguém fantasiado de federação falou algo no microfone que eu não entendi. Eu gritei para o pessoal que estava sentado perto pedindo para traduzir e gritaram.
— Aquecimento dos veteranos!
Era minha hora de ir. Vesti o gi branco, botei o gi azul debaixo do braço e entreguei o meu molho de chaves à mãe de Vitória. Alguém para ficar com a chave e olhando a mala é um suporte valioso.
Para chegar na área de aquecimento sem pular o alambrado é preciso sair do ginásio e dar uma volta. Mas não é tão longe. Chegando lá tinha uns colegas de categoria esperando para receber medalha sem lutar. Como eu já disse várias vezes, já era difícil ter adversário na categoria veteranos, depois que um atleta morreu e a confederação passou a exigir um monte de exames caros ficou ainda mais difícil.
Mas eu disse a eles que ia ter adversário. E realmente aqueci um pouco.
Comentei que tinha conseguido todos os exames no SUS. Falei mais alguma coisa. Sobre a facilidade de remover feridos no local. A distância entre a área de competição e a ambulância é muito pequena e não há nem um batente atrapalhando.
Apareceu um menino perguntando se a área de aquecimento era lá. Eu respondi que sim mas que era só para os veteranos, ele disse que era veterano, eu comentei que ele estava muito conservado.
Depois chegou meu adversário. Nos cumprimentamos, ele estava de branco e eu avisei que a primeira luta era ele de azul. Ele foi se trocar.
Demorou mais que o necessário para começar. Parece que o computador que colocam na área de aquecimento é sempre o pior que eles têm. Deu pau, ficou a tela preta. Ficou duas pessoas fantasiadas de federação tentando consertar.
Aí chegou um terceiro e mandou chamarem a luta. Ao que foi respondido que o computador estava quebrado. Aí ele disse.
— Os que vão lutar sabem quem são.
Levaram a gente para lutar finalmente. Depois de tanto atraso não teve como o público não bater palma.
Foram minha melhores lutas, contra o adversário mais difícil até agora. Ele depois de pegar ouro na veteranos, foi lutar na sênior, ganhou mais três lutas e ouro na sênior também.
Depois de lutar uma vez, trocamos as cores e lutamos de novo.
Eu gosto muito desse ambiente de competição. A coisa que eu mais anseio é ter meus atletas e levar eles para lutar. Eu luto para dar o exemplo. Depois de lutar peguei minha medalha. Me despedi de Vitória e da mãe e fui embora. Trocar horário de passagens para voltar de ônibus com amigos é algo muito simples, mas naquela época eu ainda não sabia disso. Descobri de forma muito inusitada como vou contar no próximo texto.
Até.
PS: Ontem eu tive uma ideia para dar mais sentido a minha jogatina de Street Fighter Alpha 2. Porque o jogo foi pensado para ser jogado em fliperamas. Aquelas máquinas que para jogar você tem que colocar uma ficha, e quando perde tem que botar ficha de novo para continuar. Acontece que quando você joga em seu próprio computador é como se tivesse fichas infinitas o que lhe deixa sem muita noção de quantos rounds deve lutar. Então decidi que agora para jogar terei que ter fichas, não físicas, anotadas. Fichas que me presenteio depois de realizar tarefas. Terminar esse texto me concedeu uma ficha para juntar as cinco que eu já tinha ganhado por tarefas domésticas.
Jogar na dificuldade 1 sem direito a perder nem uma custa duas fichas.
Jogar na dificuldade 2 dá direito a 3 continue por ficha. Vou jogar!
PS2: Finalizei na dificuldade 2. Ainda tinha uma ficha sobrando. Deu para ganhar algumas lutas na dificuldade 3.
Comentários
Postar um comentário