Meu último dia sem poder treinar
Olá leitores!
Hoje é meu último dia sem poder treinar, amanhã já posso voltar. Leve. Treinos pesados com quedas e lutas ainda vão demorar mais dez dias. (Por causa de um dente siso que eu extraí.) Estou sentindo uma pequena ansiedade que me atrapalha de escrever mas vou fazer um esforço.
Esse fim de semana teve O Brasileiro Sênior em Vila Velha no Espírito Santo. Uma pessoa que sabe que a Capital do Espírito Santo é Vitória pode pensar que se trata de uma grande competição nacional em um município do interior, mas na verdade Vila Velha fica colada em Vitória então não é o caso. Ou conurbada que é o termo técnico que a gente aprende nas aulas de geografia.
E eu fui assistir pelo menos os vídeos da parte em que tem uma área de cada vez. Torneios de Judô costumam acontecer com mais de uma luta ao mesmo tempo, só algumas lutas acontecem em área única. Na minha última competição eu tive a oportunidade de lutar em área única mas era uma chave com cinco inscritos, no Brasileiro sênior com mais de quarenta inscritos por chave apenas algumas poucas lutas podem acontecer em área única. Mas esse fim de semana eles exageraram. Apenas a final de cada chave ficou com área única e aí eu fiquei sem saco de assistir.
Na verdade eu acho que o atual formato de transmissão prejudica demais os medalhistas de prata. Porque eles ganham quase todas as lutas na hora que ninguém consegue ver direito, porque está tendo várias lutas e a única luta decentemente transmitida eles perdem. O prejuízo é imenso.
Jéssica Lima no Grand Slam de Tóquio 2023 teve a maior participação em uma competição de toda sua vida, mas às vezes eu tenho a impressão que eu fui o único que assistiu.
Porque eram quatro áreas. É transmitido na Judotv, mas você só pode assistir uma área de cada vez. É assim. Tem uma luta passando no centro do site, você não pode aumentar. Do lado esquerdo tem um grande anúncio escrito "pague para remover esse anúncio". Em cima da tela onde está passando a luta, realmente atrapalhando. Em todo início de luta o lutador de azul fica escondido atrás deste anúncio.
Aí embaixo tem cinco abas para você escolher. Quatro abas onde você escolhe as áreas 1, 2, 3 e 4. E uma quinta onde o narrador decide. Narrador que narra em inglês.
Aí tem os quatro placares para você saber quem está lutando contra quem e escolher qual vai querer ver.
Quando não tinha brasileiro lutando eu deixava na tela com narração, quando tinha brasileiro eu ia para a do brasileiro.
E pronto, foi assim que vi Jéssica Silva lutando e vencendo cinco lutas de maneira sensacional. Vale acrescentar que isso era em um horário horroroso, de madrugada. Aí eu fiquei muito animado e sonhando.
Que a Jéssica Lima ia ganhar a última luta que ia ser em um horário melhor e transmitido pelo Youtube. De forma incrível. Que todo mundo ia ver. Que ia vir os patrocinadores em peso. Que ela ia conseguir dinheiro para ir para várias competições e ia tirar a vaga de Rafaela Silva e ser a representante do Brasil em Paris 2024.
Foi quando a realidade chegou. Ela perdeu a final no primeiro minuto e ninguém além de mim viu ela vencendo. Rafaela Silva representou o Brasil no -63 de Paris, Jéssica Silva não chegou nem perto de passar ela no ranking mundial.
Não tenho nada contra a Rafaela Silva eu só gosto mais da Jéssica Lima.
Voltando para o Brasileiro Sênior. Eu odiei esse formato. Eu sinto muito mais o prejuízo e tristeza de quem fica com a prata do que a alegria de quem fica com o ouro. E depois de assistir apenas uma luta, do -48 eu larguei. Em outra oportunidade depois que eu tiver terminado de assistir aos jogos olímpicos de Paris, os Paraolímpicos, mais lutas do Troféu Brasil eu volto a assistir lutas do Brasileiro. Para não ficar completamente desinformado dei uma olhada nas súmulas. E para minha surpresa vi que a Jéssica Lima estava lutando nesse Brasileiro de agora!
Não consegui ver nem uma luta. Porque cada área tem o próprio vídeo, cada vídeo dura sete horas, a súmula não diz em qual área ela lutou. Mas fiquei impressionado.
A gente que luta judô normalmente treina em ciclos. Treinamos o mais pesado possível, mas quando vai chegando perto da luta mais importante nós descansamos.
Jéssica Lima está treinando para o Grand Slam de Tóquio. Ela não pode descansar ainda, porque esse Grand Slam é importante demais, então com certeza ela foi lutar esse brasileiro cansada. O que mostra uma grande resiliência. Ela ficou com a medalha de Bronze. O que é bastante impressionante, considerando que essa competição não era o foco.
Ela postou uma foto da avó que morreu esse fim de semana junto com a foto da medalha.
Ela já era minha lutadora favorita desde Tóquio ano passado, mas a distância para o segundo só aumenta. Espero ainda escrever sobre ela.
Além dessa olhada no Brasileiro Sênior eu assisti várias lutas do oitavo dia dos jogos olímpicos de Paris. O dia das lutas de equipe, que é um evento realmente sensacional.
Dei uma olhadinha na Fórmula 1. O primeiro piloto da Red Bull foi o campeão de pilotos deste ano. Na maioria das corridas o melhor carro vence, mas acontecem algumas poucas corridas onde as condições de pista dão a oportunidade do melhor piloto vencer ao em vez do melhor carro. Isso aconteceu no último Grande Prêmio do Brasil. Foi lá que ele garantiu o título, essa corrida de sábado em Las Vegas foi só uma formalidade. Ele claramente estava pilotando o sétimo melhor carro, mas conseguiu chegar em quinto e foi o suficiente para garantir o campeonato de pilotos. O campeonato de carros ainda está em disputa.
E hoje começou o Mundial de Xadrez a primeira partida já foi sensacional.
Uma coisa esquisita que aconteceu ontem, agora voltando para o judô. Eu estava calculando os custos de lutar em Fortaleza no começo do próximo ano. Se eu pudesse eu ia de avião, ficava lá três noites e voltava de avião, mas tenho que me ater a realidade. Provavelmente terei que ir no ônibus convencional, lutar e poucas horas depois já voltar de novo no convencional. A diferença do convencional é de quase trinta reais, com ida e volta já chega perto de sessenta. E cada minuto na capital custa, tanto em alimentação quanto no fato que minha casa está sem mim. Minha mãe fica com a chave e cuida dos gatos, mas quanto antes eu voltar melhor.
Então eu comecei a pensar que se ia ter que sair de lá correndo devido a sérias restrições orçamentárias e não ia poder ver meus colegas lutando, talvez eu pudesse ao menos cozinhar almoço para eles. Eu sou assim, já estou planejando o que vou comprar na bodega na capital daqui a três meses. Eu terminei contando ao Chat Não sei o que PT das minha ideias para ele organizar, ele fez isso, mas anda tão lesado ultimamente. Parece que a conta de luz da empresa deu alta e eles estão baixando a potência do bicho. Nisso o robô começou a se referir a mim no feminino.
Só porque eu estava falando em cozinhar o bicho esqueceu que eu sou homem. Por sorte eu sei que gênero é só uma construção social e é preciso mais que um robô machista para estragar o meu dia, mas foi um fato curioso que eu achei que devia contar para vocês.
Até.
Contribua com o almoço de meus colegas!
Pix: diegosergioadv@gmail.com
Meu plano é ensinar sobre esporte e guerra através do xadrez e do judô.
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