2023 Grand Slam de Tóquio

  Nessa postagem trago minha experiência acompanhando o Grand Slam de Tóquio 2023.




Linda medalha - Fonte: Instagram



Crato, 1 de dezembro de 2023. (sexta)


Eu entrei no site da Judo Tv perto das três horas da tarde para saber quando a transmissão do Grand Slam ia começar. Só para ver um cronômetro mostrando quanto tempo faltava, era preciso logar com a conta do Google. Loguei e vi que faltavam pouco mais de seis horas, iria começar aproximadamente às 9 horas da noite. 

Por volta de oito e meia eu me sentei para assistir mas como ainda faltava meia hora fui ver um vídeo de um crítico de cinema cearense chamado Raphael "PH" Santos. Era um vídeo muito denso falando porque o cinema era diferente de outras narrativas. No começo ele citou André Bazin dizendo que o cinema era a grande janela para alcançar outros lugares.

Depois ele explicou que na época em que aquele autor viveu o Cinema, enquanto lugar, era a principal janela que se tinha para lugares distantes ou imaginários mas que hoje existem outras janelas, principalmente o celular, mas também tablets, TVs muito melhores do que as daquela época e computadores.

Antes de terminar de assistir o vídeo do PH, que demora porque eu pauso, consulto coisas  que ele falou, volto, escrevo comentários, antes de terminar deu a hora de assistir o Grand Slam. Mas eu fui com essa inspiração, percebendo que a tela no meu laptop Positivo ia se transformar em uma janela que ia me deixar ver o que estava acontecendo lá em Tóquio.

Claro que se trata de uma janela com sérias restrições orçamentárias. Primeiro de tudo não dá para voltar nem fica gravado a menos que você pague. A tela não pode ser aumentada, fica sempre ali em tamanho médio, e o mais chato, tem duas propagandas cobrindo a tela, uma em cima e a esquerda e outra bem grande do lado direito, sempre que as lutas começam ou depois de uma pausa essa segunda propaganda cobre o lutador de azul. Apesar de todas essas dificuldades dá para assistir, mas se você precisar sair por qualquer motivo perde o que acontecer enquanto estiver ausente. Eram cinco áreas de luta então para ver os brasileiros era preciso ficar atento para mudar de área, eu perdi várias lutas, mas vou contar das que eu consegui assistir.

Eu vi a segunda luta de Rafaela Silva. Um derrota por Ippon Seoi Nage. No começo da luta estava tendo uma confusão danada e eu não entendi nada mas li depois que o árbitro comandou mate, para parar a luta mas com a luta parada comandou o início da contagem por imobilização, ossaekomi. A arbitragem de vídeo resolveu.




        Link para a arbitragem fazendo confusão contra Rafaela Silva




Vi a derrota de Kaillany Cardoso por imobilização.




        Derrota de Kaillany Cardoso




Aí começou a grande história do primeiro dia. A segunda luta de Jéssica Lima. Contra uma japonesa. Faltando 30 segundos para acabar ela estava perdendo por um wazari e encaixou um Ippon. Acho que foi um soto makikomi. Eu ainda não tenho muita habilidade para reconhecer técnicas ainda mais sem replay, mas independente disso foi muito emocionante. Imaginem derrotar um japonês lá no Japão isso por si só já é um sonho, mas o dia prometia mais. 

        A terceira luta da Jéssica Lima estava muito difícil, nem uma das duas tinha conseguido ponto e o tempo normal estava acabando. Em dado momento a adversária se deitou no chão e começou a esticar a perna e apertar um músculo. Imagino que todo mundo que pratica esporte saiba que isso é um sinal de cãibra. A Jéssica Lima também sabe e foi como um tubarão que sentiu cheiro de sangue, a luta ainda foi para o golden Score mas não durou muito mais, a brasileira conseguiu o ponto.

Depois eu vi a luta de Beatriz Souza. Simplesmente já estava com oito minutos de luta e ela estava muito cansada e com duas punições, demorou muito para voltar a posição de luta e tomou a terceira punição sendo eliminada.

A quarta luta da Jéssica Lima foi a semifinal, eu só sei que foi muito emocionante ver ela vencendo e comemorando a classificação para a final e medalha garantida. Valeu a noite. Mas não lembro como foi a luta, já estava com muito sono e depois dessa fui dormir, mas muito feliz.




Jéssica Lima após vencer a semifinal - Fonte Twitter


Que esquisito, não vi nem uma luta de brasileiro homem no primeiro dia, imagino que todos perderam no começo enquanto eu estava ocupado fazendo outras coisas. Eu comecei a assistir às nove horas mas tive que sair por um tempo.


Crato, 2 de dezembro de 2023. (sábado)

Acordei às duas e cinquenta da manhã com intenção de ver a final da Jéssica Lima ao vivo. Os meus gatos sempre que me veem em pé acham que eu tenho que dar comida a eles. Nem dei comida e nem estava em condições de assistir, voltei a dormir. Quando acordei de novo às seis horas fui ver as lutas no canal Time Brasil.

E ví a única derrota da Jéssica Lima, infelizmente as lindas vitórias dela não ficaram gravadas, só a última luta. Mas independente disso ela levou uma importante medalha de prata. Se tudo der certo ela vai chegar nos jogos olímpicos de Paris com grandes chances.



        

única derrota e pódio de Jéssica Lima





Às nove horas da noite sentei para assistir o segundo dia com muito mais disposição do que no dia anterior.

Aqui vou falar um pouco de minha história. Sou advogado e no final de 2019 estava começando a me encontrar, dando acessória jurídica a três pequenas empresas, mas 2020 trouxe a pandemia e as  três quebraram. Quando eu digo me achando significa dentro da minha realidade, eu ainda recebia menos que meio salário mínimo por mês e portanto estava dentro do perfil para receber o auxílio emergencial. Quando a pandemia estava começando a terminar em maio de 2021 completei 35 anos de idade e estava muito pensativo sobre o que fazer da minha vida quando as coisas reabrissem. Nesse momento eu decidi dedicar o restante da minha vida ao judô. Seria uma formação técnica dentro dos  meus interesses e com alguma possibilidade de complemento profissional a minha advocacia carente. 

Depois que eu já tinha decidido me dedicar ao judô comecei uma dieta porque eu tinha uma faixa tamanho a2 de jiu-jitsu que não dava nem o primeiro nó na minha cintura. Eu estava pesando 106 quilos. Então comecei a perder peso para caber em uma faixa e judô gi do tamanho A2 e a fazer bastante aeróbico. Nessa época eu também passei a procurar conteúdo de judô na internet. Terminei vendo um vídeo da seleção de judô do Japão com vários atletas treinando em cortes muito rápidos. De todos eles quem me chamou mais atenção por algum motivo foi uma moça  que eu fui pesquisar quem era. Ela se chamava Abe Uta. Eu fiquei sabendo que essa lutadora tinha 18 anos  e vinha ganhando de todos, mas que quando enfrentava uma outra japonesa específica sempre perdia. Pelo que as pessoas escreveram e eu li, essa outra japonesa estava especializada em vencer a Abe Uta mas não era tão eficiente em vencer outras. Por causa disso a Abe Uta não ia conseguir competir nos jogos olímpicos de Tóquio de 2020, que iam acontecer em 2021 por causa da pandemia. Eu fiquei triste com essa história mas vida que segue. Aconteceu que quando eu estava assistindo os jogos, eu praticamente só assisti o judô, vi que a Abe Uta ia representar o Japão. Procurei ler a respeito e fiquei sabendo que poucos dias antes dos jogos começarem, a seleção japonesa de judô tinha se fechado para uma última seleção e nessa oportunidade a Abe Uta tinha vencido pela primeira vez sua rival e sido selecionada para os jogos.

Foi incrível ver ela lutando, vencendo todas e depois subindo para a arquibancada para assistir o irmão Abe Hifumi que ia lutar na final logo depois. Ele também ganhou. Tem se tornado rotina para eles lutarem e vencerem no mesmo dia e eles iam lutar no segundo dia do Grand Slam de Tóquio. 

Sobre isso mais uma coisa, um dia a Abe Uta viu um storie meu, eu guardei a captura de tela como lembrança.




A Sama me notou!




Mas voltando ao Grand Slam concluo essa historinha dizendo que se os irmãos Abe estiverem lutando na mesma hora que um brasileiro e eu só puder ver uma tela eu prefiro ver o brasileiro, e se eles estão enfrentando brasileiros eu não torço por eles.

Acontece que mesmo sem minha torcida a Abe Uta derrotou com relativa facilidade a brasileira Jéssica Pereira. Essa luta eu assisti, como várias outras, tantas que fica difícil lembrar mas vou enumerar o que mais me chamou atenção.

Larissa Pimenta teve que enfrentar uma japonesa e a luta já estava em dez minutos quando ela foi eliminada por punições.

Vi Willian Lima perdendo uma luta no grito. Ele estava em luta de solo, ne waza, em dado momento o outro lutador rolou por cima dele e ele gritou bem alto "ai", deu para ouvir. Gritos e choros são motivo para os árbitros encerrarem a luta dando a vitória para o adversário.

        Vi Ketleyn Quadros vencendo uma luta porque a adversária se defendeu colocando a cabeça no chão e forçando a cervical o que gera eliminação imediata.




        Ketlelyn vencendo porque a adversária "defendeu com a cabeça".




Fora isso vi a Larissa Pimenta depois da derrota lutar na repescagem e se classificar para a disputa de bronze.

Vi os irmãos Abe se classificando para a disputa de ouro com muita facilidade, mas nada tão impressionante como a semifinal da brasileira Mayra Aguiar. Ela venceu a luta em quatro segundos! Não me perguntem que técnica ela usou porque não deu tempo de prestar atenção mas foi incrível.

Quando eu fui dormir já eram três horas da manhã, estava tendo uma repescagem do -60 e ainda ia haver duas semifinais também do -60, sendo que dos quatro lutadores três eram japoneses, curioso um país poder botar três lutadores na mesma categoria de peso, não vi as regras, não sei se é porque são donos da casa ou se todos podem fazer isso.

Meus gatos acham que se eu estiver acordado mesmo em um horário esquisito desses tenho que dar ração, mas não dei.

Quando acordei fui ver as finais. Essas tem vídeo no canal Time Brasil e no Cazé Tv. Assistam, e assistam como jogo de copa, uma brasileira em uma luta tão importante merece essa celebração mesmo não sendo ao vivo. Quem já viu, sabe do que eu estou falando, vou ficar por aqui hoje, e acho que não vai ter mais nem uma competição de judô esse ano sobre a qual vou escrever assim, mas ano que vem haverão muitas, espero tê los aqui novamente, e espero aprender cada vez mais sobre judô, ainda estou no 4º kyu, faixa laranja, espero aprender cada vez mais para escrever textos cada vez melhores.

Até a próxima e bons treinos.


Pix, Paypal e e-mail: diegosergioadv@gmail.com



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2023 Brasileiro Sênior

Doação de judô gis. Projeto da minha academia Ikigai na minha paróquia



Outros Links


Canal do Cazé

Canal Time Brasil

Twitter da Confederação Brasileira de Judô

Instagram da Confederação Brasileira de Judô

Vídeo do PH falando de narrativas





        Meu plano é ensinar sobre esporte e guerra através do xadrez e do judô. Pretendo lutar no campeonato cearense que ainda não tem data marcada mas provavelmente acontecerá daqui a cinco meses. Para isso preciso pagar o quimono branco, (faltam cinco prestações), e comprar o azul, além  de arranjar dinheiro para inscrição, viagem e alimentação. Qualquer ajuda é bem vinda. Me ler já é uma ajuda. Divulgar é muito bom. Apoio em dinheiro também.


         Pix, Paypal e e-mail: diegosergioadv@gmail.com






Divulgação do Cearense 2023. Quero lutar no 2024




Minha mãe está rifando uma calça igual a que ela fez para Max Petterson, basta falar com ela no Instagram.


 



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