Olá leitores.


Estou escrevendo esse texto para celebrar a memória de uma pessoa muito querida. Jô soares.

Uma pequena apresentação minha. Eu sou alguém que usa Twitter e terminei me motivando a escrever em blogs enquanto seguia a Bajoriana, o Ceticismo e o Cardoso. Tenho escrito aqui sobre tecnologia e literatura. Esse nome de Ler no Escuro é por causa de uma ocasião em que eu deixei de pagar duas contas de luz seguidas e cortaram minha eletricidade. Foi a primeira vez em que eu usei o aplicativo Kindle. 

Jô Soares foi muito importante na minha vida como foi na de muita gente, mas eu quero falar aqui do meu contato com o Jô Soares escritor. Eu conheço ele enquanto escritor desde a infância através de textos irônicos que apareciam em meus livros didáticos. Lembro de um que ele ensinava a mulher casada a ser escrava do marido. 


O contato com os livros dele. Esse foi muito mais complicado. Era muito difícil encontrar um livro dele. Apesar da dificuldade, eu consegui ler um Livro do Jô Soares. Foi um presente que alguém deu à Biblioteca do SENAC da minha cidade. 

Assassinato na Academia Brasileira de Letras.

Minha impressão é de que eu estava lendo um homem do teatro escrevendo um romance policial fazendo chacota com Sherlock Holmes. Foi muito bom. A forma como ele tratou o cenário da história. Rio de Janeiro de antes de terem construído a estátua do Cristo Redentor foi genial. E os personagens ficaram muito divertidos.

Eu sou cearense mas moro a poucos quilômetros de Pernambuco. As únicas capitais que eu conheci foram Fortaleza e Recife. Eu não gostei de Fortaleza. O povo fica medindo cada palavra minha para perceber que não sou de lá e me perguntar de onde eu sou. Isso é muito chato. Já em Recife. Tinha tantos sotaques nordestinos misturados e o povo estava tão ocupado com sua vida que ninguém se deu ao trabalho de perguntar de onde eu era. Isso foi muito bom. A cidade de Recife é muito antiga. Meu sonho é ver alguém escrevendo um livro se passando em Recife de forma semelhante ao que Jô Soares fez com o Rio de Janeiro.

Quando nós cearenses tentamos escrever qualquer coisa. A pobreza flui com uma facilidade absurda. Por isso tem tantas obras sobre pobreza escritas aqui. Eu queria fugir disso e comecei a escrever um romance em Helsinque. Mas acho que exagerei. Enquanto falar de pobreza e fome é fácil. Contar uma história sobre pessoas que não precisam se preocupar com a próxima refeição enquanto você mesmo precisa não é fácil. Mas estou nessa luta. Porque ainda não estou pronto para escrever uma história passada em Recife.

Quero imaginar uma Recife que não cheire a merda e não tenha favelas. Antes disso quero ler todos os livros de Jô Soares.

Obrigado Jô Soares. Entre outras coisas por me ensinar a importância cênica das espadas. Metendo um duelo de espadas em um versão carioca de Sherlock Holmes! Você é incrível. Espero um dia fazer o mesmo em um romance passado em Recife.

Pix, Paypal e E-mail: diegosergioadv@gmail.com


        Assassinato na Academia Brasileira de Letras

        

Comentários

  1. Achei o texto maravilhoso, uma ótima homenagem a esse monstro Jo Soares. Parabéns você vai longeeeeee.

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  2. Grande perda, mas ganhamos muito mais que perdemos! O legado todo tá aí!

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